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O personagem atormentado estreia neste final de semana
04/10/2019 às 19:39Na história dos comics e do cinema, o Coringa se transformou num personagem fascinante, caso raro em que o vilão supera em muito o herói da trama. Em 2008, Heath Ledger surpreendeu o mundo do cinema com sua interpretação inesquecível do personagem atormentado, no filme O Cavaleiro das Trevas. Ledger, que morreu logo após, aos 29 anos, incorporou o personagem a tal ponto que chegou a fazer ele mesmo a maquiagem de seu Coringa, o que acabou resultando num trabalho surpreendente. O Coringa de Ledger tinha alma, uma alma perturbada.
Essa identificação com o público provavelmente explique o resultado: uma estranha mistura da ficção com a realidade. Ledger trouxe à vida o Coringa que existe em cada um de nós.
Hoje, quando os EUA se preparam para a estreia de Coringa, com o excepcional Joaquin Phoenix interpretando o personagem, a polícia americana se preocupa. E com razão. Em 20 de julho de 2012, no Colorado, durante sessão de lançamento de Batman- O Cavaleiro das Trevas Ressurge, um homem de 23 anos entrou no cinema usando roupa de camuflagem, os cabelos tingidos de vermelho e um perfil alucinado. No início da sessão, o homem atirou na sala uma bomba de gás lacrimogêneo e começou a atirar na sala escura. Matou doze pessoas e feriu outras tantas.
O Coringa de Phoenix que vai estrear neste final de semana tem um perfil complexo, e a temática, bullying e uma certa poetização da violência obteve só elogios da crítica, mas preocupa as autoridades de segurança e os parentes da vítimas do Colorado. Em carta à Warner Bros, produtora do filme, assinada por cinco famílias de vítimas, Sandy Phillips comenta: ‘Minha preocupação é que tenha uma pessoa lá fora(...)que está no limite, que quer ser um assassino múltiplo e se vê incentivada por esse filme.’
Na verdade, a preocupação procede e coloca em questão a própria relação do cinema e seu público. Afinal, a arte imita a vida ou será o inverso? Nestes tempos loucos, muita coisa é possível. Mas será possível que o cinema ultrapasse a barreira de seu aspecto meramente lúdico para fabricar um Coringa na vida real?
Talvez Phoenix responda a isso com seu Coringa. Só assistindo mesmo pra saber.
Aqui, o trailer
publicitário, artista plástico e cidadão
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